Lula, Dilma e o Brasil: é pra rir ou pra chorar?

Uma análise rápida sobre o histórico jurídico do Brasil nos revela que estamos na nossa 7ª Constituição Federal. Em um país cuja independência política se deu no ano de 1822, o número revela bastante.

Hoje – data de publicação desse post – a internet, ou melhor, o Brasil está em polvorosa com a condução coercitiva do ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva para depor perante a Polícia Federal, na já famosa “Operação Lava-Jato”.

Com avalanches de denúncias, “denúncias”, delações premiadas, indícios, investigações, etc. e embora cientes que apenas um devido processo legal é capaz de infligir a pecha de condenado a alguém, muitos brasileiros já enxergam Lula como corrupto e comemoram.

A reação é completamente compreensível, a condução realizada pela Polícia Federal simboliza, independente de qualquer outra implicação política, uma supremacia da lei sobre todos os indivíduos – e tal fato contribui para uma elevação do senso de retidão e justiça, conforme já bem explicado pelo canal Nerdologia (clique aqui para entender mais).

Mas a maior questão se dá com os possíveis desdobramentos que nos aguardam, em especial a corrente que já começa a gritar “impeachment!” cada vez mais confiante.

Caso a presidente Dilma Roussef se revele como a última peça de um dominó trágico, sendo comprovadamente condenada e deposta de sua função, teremos, em uma última análise, a confirmação de mais uma derrota para o País.

Não que devamos endossar a impunidade em prol de uma suposta estabilidade político-econômica, investigar e punir crimes é uma vitória da Justiça, sem dúvida alguma, mas essa vitória (de extremo valor, frise-se sempre) não é motivo para comemoração.

Como alguém que se encontra com uma doença grave, poder tratá-la é sempre uma dádiva, mas que possui um gosto amargo diante do cenário preocupante e mórbido.

De volta ao nosso histórico constitucional vemos que em 1824 tivemos nossa primeira Carta Magna, dois anos após nos libertamos de Portugal, mas ainda sem dar voz ao povo, pois ainda vivíamos sob um império.

Somente em 1891 pudemos celebrar a República, um sonho que logo seria castrado no ano de 1930. Após um governo não democrático e interino, Vargas comandou sua própria “era” até 1945 quando, novamente, o povo teria voz decisiva – mas o trem democrático descarrilha em 1964 com a Ditadura Militar.

Apenas em 1988 o povo volta a, de fato, possuir o direito constitucionalmente garantido de escolher o próprio rumo. Ou seja, sequer completamos 100 anos de democracia no Brasil e já acumulamos um presidente deposto por corrupção e uma presidente que agora é reprovada por cerca de 64% da população.

Somos uma nação que sequer tem um século de liberdade política, mergulhada em uma polarização partidária que beira (se já não passou há tempos) a estupidez e que, na inocência de uma democracia infante, comemora que seus líderes estejam sendo acusados das mais escabrosas fraudes e iniquidades.

Se, de fato, cair o governo atual por comprovada corrupção, devemos comemorar como quem retira um tumor; ou seja, sem esquecer que, no panorama geral, o Brasil está em metástase.

“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens;
Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade;”
1 Timóteo 2:1,2