Como os cristãos devem namorar?

Adaptação livre do texto: “How Should Christians Date?”, escrito por Nicole Unice e publicado na Relevant Magazine, em 23 de Outubro de 2012.


Nota da tradução: O texto é composto na ideia de “Date”. O “Date” (Encontro) é algo típico da cultura norte-americana e não muito comum aqui no Brasil. Não é tão ingênuo como uma paquera, também não é tão descompromissado como a atitude de “ficar”. É um estágio entre a paquera e o namoro firme. Durante todo o texto “to Date” ou “Dating” foi liberal e simplesmente traduzido para “Namorar” ou “Namoro”. Importante manter isso em mente, enquanto se lê o texto a seguir.


Um sábio homem uma vez me disse que havia apenas duas conclusões para um relacionamento: casar ou terminar. “O segredo”, ele disse, “é saber como lidar com o relacionamento para que você saiba se a outra pessoa vale a pena tomar como cônjuge ou então que ela seja honrada no fim da relação.”

Infelizmente, parece que muitos jovens solteiros lutam para descobrir como lidar com o namoro – e eu não sou a única pessoa que notou quão estranho o cenário de namoro cristão pode ser. Como uma amiga minha, que casou por volta dos 30, recentemente mencionou: “Com certeza sou grata por não ter sido tão cristã quando comecei a namorar meu marido!”

Seja em um café na minha cozinha ou no meio do grupo pequeno de mulheres eu escuto esses murmúrios constantemente. “Minha filha estava interessada nesse garoto cristão ótimo, mas ele a enrolou por um ano e meio. O outro fez a mesma coisa.” Ou, “Ele agia como se fossem amigos, mas ela me disse depois que eles estavam se relacionando informalmente às escondidas”. Com essa cultura embaçada de namoro em jogo, vamos considerar as opções:

1) Primeiro, temos a “Corte”. A corte é a forma moderna de casamentos arranjados. Eu não tenho conhecimento de primeira-mão, mas, graças aos programas de TV, eu acredito que pareça envolver uma pergunta ao pai da garota se ela está disponível para namorar, e provavelmente sem beijá-la até o casamento em si.

2) Fora do “Universo da corte” temos o menos explícito, mas igualmente predominante, namoro do “cônjuge ideal”. Este envolve julgar uma garota ou garoto em potencial nas 38 qualidades que você está procurando em um parceiro ideal – antes mesmo de sequer tomar um café juntos. É igual a um casamento arranjado onde não tem ninguém fazendo as negociações, não parece funcionar muito bem.

3) No extremo oposto, temos o “namoro de araque” – na qual cristãos não fazem a menor ideia do que fazer em um encontro, então eles simplesmente evitam. Ao invés de namorar, um monte de “saídas” ocorrem. “Saída” leva a todo tipo de sentimentos misturados. Ele gosta de mim? Ela tá paquerando comigo? O que esse SMS significa? Por que ele sentou do meu lado na igreja? Ela pediu meu casaco emprestado por que estava com frio, ou por que gosta de mim? Muitas vezes essas saídas acabam gerando beijos e abraços, mas sem o namoro, o que é outro efeito super-confuso do ciclo do “namoro de araque”.

Mas e se existisse uma outra opção? E se Cristãos começassem a namorar como pessoas normais – não namorando para um casamento imediato e também sem renegar o namoro para a indesejável terra de ninguém das “saídas”? Eis aqui o que eu penso que isso requereria:

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Namore indiscriminadamente

Pare de analisar se o cara que se interessou por você é forte e amoroso o suficiente para criar seus futuros filhos. Pare de avaliar se a menina nova na igreja é gostosa e de “baixo-custo” o suficiente para seus padrões.

Se você notou, se você está intrigado(a) ou interessado(a), marque um encontro! Saiam juntos – cara a cara. Nós estamos falando de uma tarde ou noite juntos, não uma vida inteira. E a menos que alguém esteja escolhendo seu cônjuge para você, vale a pena passar pelo menos um pouco de tempo com a pessoa antes de decidir se ela vale a pena casar.


Namore casualmente

Nem todo encontro precisa ser um sucesso total. Mas é tolice achar que o modo como um garoto ou uma garota se comporta em um grupo de amigos é o mesmo como eles vão se comportar a sós. Namorar ajuda duas pessoas descobrirem como seria estarem juntos, em uma amizade. A maioria dos casamentos envolve tempo junto, a sós, em uma amizade. E passar tempo a sós intencionalmente – nada sério, apenas tempo – permite que ambas as partes experimentem como seria continuar aquele relacionamento.


Namore com frequência

Quando nós estávamos ainda na universidade, meu marido teve 38 primeiras entrevistas de emprego antes que ele conseguisse uma segunda entrevista. Ele era horrível em entrevistas, mas na 38ª ele já tinha aprendido como se portar com boas perguntas, falar de si na quantidade apropriada e equilibrar o foco entre ele e o entrevistador. Ele não necessariamente se tornou mais inteligente – ele ficou mais experiente.

Namorar pode ser assim também. Às vezes nós todos precisamos de um pouco de prática para entender o que realmente queremos – não em termos de “cônjuge ideal”, mas uma pessoa real de carne-e-osso.


Namore visando interesses, não casamento

“Você acha que garotas Cristãs fazem do namoro algo muito sério?” Eu perguntei a vários garotos recentemente. “Eu preciso de pelo menos um bom tempo antes de pensar em algum tipo de futuro juntos!” disse um jovem rapaz.

E se você riscasse completamente a ideia de achar seu marido ou esposa via namoro, pelo menos nos primeiros 30 ou 40 dias1? E se namoro for conhecer uma pessoa e comparar interesses, não uma compatibilidade pra vida toda?

A melhor coisa de mudar as expectativas é que ela diminui a pressão de aceitar um jantar juntos e descobrir se vocês dois ao menos gostam de falar um com o outro!


Claro, um dos maiores obstáculos face o namoro casual é o inevitável “término”. Então, muitos de nós igualamos bondade com nunca dizer algo duro a alguém. Na verdade, bondade não diz respeito à passividade. Bondade é honrar alguém no modo de tratar essa pessoa, é também honrá-la terminando um relacionamento se necessário.

Se você mantiver limites e tratar o outro com respeito, você o protegeu de uma intimidade falsa e prematura. Será constrangedor? Claro, vai ser sim! Mas o propósito de namorar não é apenas acumular namorados e namoradas – é achar um melhor amigo(a) e parceiro(a) para vida toda. E quando você achar ele ou ela, as chances são de que nenhum daqueles caras ou garotas que você casualmente namorou irão importar em face de sua esposa ou esposo.

A realidade é que você não pode ter tudo. Você não pode deter sua atenção a múltiplos relacionamentos e ainda assim buscar apenas um que honre a Deus.
Você não pode manter 10 paqueras ou “amizades-coloridas” e esperar ter espaço em seu coração para um marido ou esposa especial. Mas você pode começar a buscar em algum lugar – lentamente, casualmente – e confiar que Deus irá lhe guiar para algo mais.


1Nota: o texto original fala “What if you completely jettison the idea of finding your husband or wife via dating, at least for the first five dates?, mais uma vez referindo-se a cultura do “Dating“. Preferimos traduzir para um período em dias que correspondesse à mesma ideia.

Crédito das imagens (em sequência): edmand_pl, Tombre