7 coisas que a vida me ensinou por ser fã de Backstreet Boys

Você pode passar por essa vida sem aprender nada ou pode tirar grandes lições de tudo o que acontece com você. Eu escolhi a segunda opção.

Foi em 1990 e poucos que eu conheci os Backstreet Boys – a memória é falha o bastante para não lembrar o ano exato. Foi a minha irmã que me apresentou.

Lembro nitidamente de estar com ela, assistindo a MTV e ouvi-la falando “olha, esses são os caras que vamos dançar uma música deles na escola”. Sim, ela costumava fazer grupos de dança e se apresentar com as amigas nos eventos do colégio. Na TV passava “I’ll Never Break Your Heart”. O clipe era o da versão no gelo. É… existem duas versões desse clipe (a outra é no elevador).

A canção era um dos primeiros hits do primeiro disco, de 1996, e que levava o mesmo nome da banda. Isso foi bem antes de “Everybody” explodir e transformar os caras na boy band mais famosa do mundo.

Por anos, fui fã. MUITO fã deles. Discutia com qualquer um pra defendê-los. Curiosamente, hoje eu acho isso ridículo, mas vai, eu tinha uns 11 anos de idade.

Fui fã até os 20 anos, confesso. Comprei até o antepenúltimo disco físico que lançaram. E, naturalmente, fui me desligando completamente das revistas, dos álbuns, dos blogs, fóruns, fotologs e, por fim, da música que eles faziam.

Em 2011, consegui realizar o sonho de ir a um show deles. Já não era mais fã, mas faltava isso pra selar essa fase da minha vida. Mas o Kevin tinha saído. A formação estava incompleta.

No último sábado, 6 de junho de 2015, voltei a um show deles. Formação completa. E uma das noites mais emocionantes da minha vida.

Dito isso, eis algumas coisas que aprendi com os garotos da rua de trás:

BACKSTREET BOYS1. Ouvir música boa

No finzinho da minha infância eu amava a música pop. Não só os BSB, como *N Sync, Westlife, Ricky Martin, Boyzone, 5ive e tantos outros. Mas tinha um trato com meu pai. Eu só podia ouvir meus CDs, quando ele terminava de ouvir os discos dele. Logo, eu ficava sentada no pé da radiola rezando para acabar o que ele queria ouvir e liberar o som para mim. O que ele ouvia? Nat King Cole, Frank Sinatra, Geraldo Vandré, Agepê, Antônio Marcos, Plácido Domingos, Tom & Elis, Toquinho, Zé Ramalho… Na época eu não sabia, mas o coroa já estava migrando meu gosto musical. Hoje, pop é um dos estilos que menos escuto. E o mais legal nisso tudo, é que ele não ia embora no fim da “playlist” dele: ouvia o pop adolescente comigo.

2. Esperar

Essa de fato é uma lição que que eu nunca vou esquecer na vida. Os BSB pisaram no Brasil pela primeira vez em 2000. Eu tinha 12 anos de idade, minha irmã 13. Não dá pra descrever o quanto enchi meus pais para eles irem conosco para aqueles shows. Salvo engano, foram duas únicas apresentações, Rio de Janeiro e São Paulo. E o que a TV mostrava era pura loucura. Adolescentes malucas na porta do hotel. Milhares de pessoas nas ruas. Eu queria estar ali, mas meus pais me disseram “NÃO”. Em alto e bom som. E continuaram “você não tem idade para fazer esse tipo de escolha, nem frequentar esse tipo de multidão. Cresça, trabalhe, tenha seu próprio dinheiro. E aí, faça o que você quiser”. Em 2011, estava eu, no Front Stage de um show dos Backstreet Boys, nos pés do palco. Adulta, formada, bem empregada. Paguei à vista, fui sozinha. E na mente, uma gratidão por meus pais terem me feito esperar tempo suficiente para aproveitar aquele momento como se eu estivesse de volta aos anos 2000.

3. Prometer e cumprir

Lembro como se fosse ontem, os Backstreet Boys já estavam chegando ao seu 3º álbum “Millennium”, e eu e minha irmã não tínhamos nenhum. Já havíamos enchido o saco do meu pai pedindo, até que ele nos sentou num canto e falou “olha, o papai não tem dinheiro para dar os discos para vocês agora. Mas tenham certeza que quando eu tiver condições, eu comprarei”. Paramos de pedir. Os meses passaram e nada. Certo dia ele chegou do trabalho me deu um papel e disse “anota aí o nome daqueles rapazes que vocês querem o disco. Teu padrinho vai para Recife e eu vou pedir para conferir o preço disso aí”. Respondi “pai, são três discos”. Ele mandou de volta “pois anote os três, vou ver o que posso fazer”. No fim daquele dia, eu e minha irmã tínhamos os três primeiros álbuns dos Backstreet Boys em nossas mãos.

bsb14. Inglês

Acabei perdendo meu pai também nos anos 2000. Ele faleceu depois de um grave acidente de moto. E minha mãe, preocupada com o meu futuro e o da minha irmã, resolveu nos matricular num curso de inglês. Odiava a ideia ir para aquelas aulas. Mas, de cara, no primeiro dia de aula, o professor Aloísio falou algo parecido com isso: “eu não sei porque vocês, tão jovens, estão nessa sala. Eu comecei inglês na marra, porque minha mãe queria que eu fizesse. Mas aí eu estabeleci um objetivo para aprender inglês. Foquei, aprendi, me apaixonei e hoje dou aula”. Naquele dia decidi: vou aprender inglês para um dia conhecer os Backstreet Boys e falar com eles no idioma deles. Nunca tive essa oportunidade. Mas tenho “inglês fluente” no currículo, e pra vida.

5. Gostar das histórias das pessoas

Temos mania de julgar as coisas pela aparência, é meio que natural do ser humano. Quando comecei de verdade a acompanhar a carreira do BSB, eu comecei a me deparar com histórias muito legais. E isso fazia com que eu me identificasse mais com eles e admirasse ainda mais o que eles faziam. O Brian, por exemplo, tem uma história emocionante. Ele tem um grave problema de coração, os médicos diziam que ele não passaria dos 3 anos de idade. Uma cirurgia foi feita, ele se recuperou e está aí, cantando e dançando como nunca. Ele continua fazendo trabalhos e música cristãs e encara tudo isso como um milagre. O AJ passou uma barra com o alcoolismo; o Howie perdeu uma irmã com lúpus; o Kevin perdeu o pai cedo; o Nick tem uma família perturbada desde que os pais se separaram, uma de suas irmãs se suicidou. Por fim, antes de artistas ou celebridades, chame como quiser, são seres humanos com problemas iguais aos meus e aos seus. Hoje, sou uma baita fã de biografias e amo storytelling na publicidade.

6. Organização

CDs, posteres, revistas… eu e minha irmã tínhamos tanto materiais dos Backstreet Boys que decidi aprender a catalogar as coisas. Eu era muito mais ligada nessas coisas que ela. Então fiquei com essa parte. Organizava as revistas especiais por data. Quando só tinha uma matéria deles, eu arrancava a capa e a matéria e organizava naquelas pastas com “bolsinhas” de plástico. Quando era só uma notinha, eu recortava e colava numa folha sulfite com todas as informações da revista (nome, ano, edição, etc.). Nada passava desapercebido. Quando a internet chegou, comecei a catalogar as fotos por ano, mês e evento. Tenho milhares de fotos em CDs perdidos na casa da minha mãe. Hoje, uso esse tipo de pasta para organizar as contas da casa. Não perco uma sequer. As minhas fotos digitais divido em uma pasta por ano, dentro dela, uma pasta por mês, dentro dela, uma pasta por evento. Nada se perde. Ah… e as roupas no guarda-roupa são organizadas por cores.

bsb37. Tudo na vida passa, até os sentimentos mais intensos

Como falei na introdução, naturalmente fui me desligando completamente das revistas, álbuns, blogs, fóruns, fotologs sobre eles e, por fim, da música que eles faziam. Foram cerca de 12 anos acompanhando esses caras de forma intensa. Exagerada até. Fala sério, eu queria casar com Nick Carter e colocar o piercing que o AJ tinha no queixo. Hahaha! Amava aqueles meninos mais que tudo na vida, fazia tudo para ter TUDO o que saísse deles nas bancas. Eu tinha revistas até de Portugal. Hoje, tudo o que eu acumulei por anos está fazendo volume num armário da casa da minha mãe. Pastas e mais pastas, CDs e mais CDs. Um relicário que gosto de visitar, às vezes. Gosto de olhar pra tudo e lembrar de como era bom sentir aquela paixão por eles. De ter aquele fascínio que hoje não passa de uma boa lembrança bem parecida com aquela de fim de namoro na adolescência, quando você não fazia ideia do porquê estava com aquela pessoa, só sabia que era bom. Hoje, não sou fã de ninguém. Admiro algumas pessoas, claro. Mas fã… não. Pelo menos não virei ranzinza. Não critico nenhum fã do One Direction, por exemplo. Acho ridículo, mas não critico. Quem sabe um dia, assim como eu, eles vão olhar para trás, ver o tempo e o dinheiro que perderam. Se arrepender um pouco disso. Mas tirar grandes lições.


 

Voltando à noite do sábado, que momento! É difícil explicar se sentia saudade do passado ou orgulho do presente. Se chorava ou se sorria. Vi os rostos dos 5 meninos, hoje homens. Rugas e corpos nem tão atraentes assim. As fãs, como eu, também não eram tão menininhas. O tempo passa para todos. Vi o meu antes tão amado Nick gritar RECIFE, vi AJ com um camiseta escrita “Açaí” e, outra, de caveira com chapéu de cangaceiro. Quando, aos 12 anos, eu poderia imaginar tudo isso? Me emociono quando lembro do show. Me emocionei escrevendo esse texto. Me emocionei contando para o meu marido. Me emocionei mandando o vídeo de “I’ll never breake your heart”, ao vivo, para a minha irmã. E, o ponto alto, me emocionei ligando pra minha mãe e ouvindo na voz dela a alegria de me ver feliz.

Diante de tudo isso, só me lembro de quando Fernando Pessoa questiona, no poema ‘Mar Português’, “Valeu a pena?”, e ele mesmo responde “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Obrigada, Backstreet Boys!

Nota: Os Backstreet Boys estão no Brasil, durante o mês do junho, para apresentar a turnê “In A World Like This”, que comemora o retorno de Kevin ao grupo.